quinta-feira, 20 de junho de 2013

Andrew Thomas Huang + Islândia = resultado mais-que-perfeito

Se alguém perdeu o Solipsist de A. T. Huang deve parar para prestar alguma atenção a este realizador e aproveitar para continuar a brincar na areia através da Björk no vídeo oficial de Mutual Core:


Não sabemos bem se estamos debaixo de água. Às vezes parece que sim. Ela confessa misturar areias e placas tectónicas em si mesma, combinar continentes e ainda assistir à erupção que desfaz a estagnação terrestre. A combinação é perfeita: Björk trouxe o amor em “Biophilia” cantando as transformações da estrutura da terra tratando-se de uma metáfora em alusão às relações humanas e, Huang, com a experiência de tentar gravar a dúvida e captar o momento presente, motivado pela perspectiva filosófica do Solipsismo, cria um segundo cenário encantatório que parece derivar dessa mesma corrente. A cantautora semi-enterrada na areia assiste às rochas a ganhar vida. A harmonia pastel do cenário em movimento contrasta com a cabeleira azul de Björk e com o vestido dourado e seus apontamentos de pedra bordada lembrando que ela é o centro de tudo porque tudo parece possível e é possível que ali tudo aconteça. 

Mais recentemente, chegou a vez dos Sigur Rós serem retratados pelas câmaras de Huang:


Com o lançamento de “Kveikur é noite em Brennisteinn: Há redes de fitas inextricáveis e corpos que são arrastados de correntes negras de lava. Pode ser um resgate mas estas criaturas bem podiam ter saído das grutas d’A Descida de Neil Marshall num ambiente constante de falta de luz. A atmosfera é mais densa do que aquela a que nos habituáramos mas nem tudo é negro, há chamas que ardem altas e cordas douradas pelo fogo que se entrevêem a amarelo-limão. As fitas rompem-se ao som do tradicional arco nas cordas da guitarra de Jónsi. E irrompe das fitas um animal estático que cai vagarosamente. A música abranda na sua metade mas rapidamente adquire novo balanço. Descobrimos afinal um corpo saído da lava composto de papel e fumo. O mesmo fumo verde sai da boca de Jónsi e durante um longo momento assistimos ao seu perfil, depois os outros membros da banda aparecem igualmente contaminados. O fumo invadiu mais corpos, inundou o espaço e persegue os seres que se afastam. A lua sobe e é tempo de transformação porque com este álbum algo nos Sigur Rós mudou mas eles haviam avisado que assim iria ser. O trabalho de Andrew Huang é bem diferente dos vídeos das sessões experimentais (que estiveram a concurso) no anterior "Valtari" e, naturalmente, terá tido outro budjet. Depois desta pequena apresentação resta-nos esperar pelos próximos trabalhos do artista porque a música também se sente com os olhos.  

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